segunda-feira, fevereiro 28, 2005

"Cáir na Réau!"

Quando se começa a procurar trajes académicos, fitas de curso, grelos timbrados e afins...
Quando se começam a ultimar o curriculum e a escrever freneticamente cartas de apresentação...
É porque a boa vida está mesmo a acabar....!

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Moço!




Não te afogues que eu vou a caminho!


(uma lufada de água fresquinha!)

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Agora...

Olho para ti e já nem sei o que sinto cá dentro.
Já não me entusiasmas, já não me alegras...
Os teus olhos não me aquecem o peito nem o teu sorriso me enche de calor.
Cansei-me de ti, enjoei-me da tua inércia.
Finalmente desentranhei-te da minha alma e já não habitas aquela curva negra do meu coração.
Tudo passa na vida e tu, ainda bem, já te foste embora!

domingo, fevereiro 20, 2005

Recomeço

Amanhã começo as aulas do 2º semestre.
O último semestre do curso, o que significa que é o último semestre de aulas, de exames, de esforço, de estudo intensivo, de trabalho árduo, da exigência dos professores...
...mas é também o último semestre de companheirismo entre colegas da faculdade, de riso ao almoço, de todos as piadas que dizemos em sussurro nas aulas, de todas as amizades que nasceram e cresceram naquela casa, da aflição entre todos nos exames e orais e da união única que aí surge, de refilar dos profes, de tantas coisas que fazem os dias na faculdade.
Ainda só amanhã recomeça e já sinto saudades.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005


Posted by Hello


«Tu só, tu, puro Amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.

«Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saüdosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.

«Do teu Príncipe ali te respondiam
As lembranças que na alma lhe moravam,
Que sempre ante seus olhos te traziam,
Quando dos teus fermosos se apartavam;
De noite, em doces sonhos que mentiam,
De dia, em pensamentos que voavam;
E quanto, enfim, cuidava e quanto via
Eram tudo memórias de alegria.

«De outras belas senhoras e Princesas
Os desejados tálamos enjeita,
Que tudo, enfim, tu, puro amor, desprezas
Quando um gesto suave te sujeita.
Vendo estas namoradas estranhezas,
O velho pai sesudo, que respeita
O murmurar do povo e a fantasia
Do filho, que casar-se não queria,

«Tirar Inês ao mundo determina,
Por lhe tirar o filho que tem preso,
Crendo co sangue só da morte indina
Matar do firme amor o fogo aceso.
Que furor consentiu que a espada fina
Que pôde sustentar o grande peso
Do furor Mauro, fosse alevantada
Contra ũa fraca dama delicada?

«Traziam-a os horríficos algozes
Ante o Rei, já movido a piedade;
Mas o povo, com falsas e ferozes
Razões, à morte crua o persuade.
Ela, com tristes e piedosas vozes,
Saídas só da mágoa e saüdade
Do seu Príncipe e filhos, que deixava,
Que mais que a própria morte a magoava,

«Pera o céu cristalino alevantando,
Com lágrimas, os olhos piedosos
(Os olhos, porque as mãos lhe estava atandoUm dos duros ministros rigorosos);
E despois nos mininos atentando,
Que tão queridos tinha e tão mimosos,
Cuja orfindade como mãe temia,
Pera o avô cruel assi dizia:

(...)

«Ó tu, que tens de humano o gesto e o peito
(Se de humano é matar ũa donzela,
Fraca e sem força, só por ter subjeito
O coração a quem soube vencê-la),
A estas criancinhas tem respeito,
Pois o não tens à morte escura dela;
Mova-te a piedade sua e minha,
Pois te não move a culpa que não tinha.

(...)

«Queria perdoar-lhe o Rei benino,
Movido das palavras que o magoam;
Mas o pertinaz povo e seu destino
(Que desta sorte o quis) lhe não perdoam.
Arrancam das espadas de aço fino
Os que por bom tal feito ali apregoam.
Contra ũa dama, ó peitos carniceiros,
Feros vos amostrais – e cavaleiros?

(...)

«Tais contra Inês os brutos matadores,
No colo de alabastro, que sustinha
As obras com que Amor matou de amores
Aquele que despois a fez Rainha,
As espadas banhando, e as brancas flores,
Que ela dos olhos seus regadas tinha,
Se encarniçavam, férvidos e irosos,
No futuro castigo não cuidosos.

«Bem puderas, ó Sol, da vista destes,
Teus raios apartar aquele dia,
Como da seva mesa de Tiestes,
Quando os filhos por mão de Atreu comia!
Vós, ó côncavos vales, que pudestes
A voz extrema ouvir da boca fria,
O nome do seu Pedro, que lhe ouvistes,
Por muito grande espaço repetistes!

«Assi como a bonina, que cortada
Antes do tempo foi, cândida e bela,
Sendo das mãos lacivas maltratada
Da minina que a trouxe na capela,
O cheiro traz perdido e a cor murchada:
Tal está, morta, a pálida donzela,
Secas do rosto as rosas e perdida
A branca e viva cor, co a doce vida.

«As filhas do Mondego a morte escura
Longo tempo chorando memoraram,
E, por memória eterna, em fonte pura
As lágrimas choradas transformaram.
O nome lhe puseram, que inda dura,
Dos amores de Inês, que ali passaram.
Vede que fresca fonte rega as flores,
Que lágrimas são a água e o nome Amores!


Excerto do episódio da morte de Inês de Castro d'Os Lusíadas



Há Amores que nunca morrem, que vivem além dos séculos e se coroam na eternidade.
Pelo menos por um dia, vou acreditar que ele existe!

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Finalmente deitada à sombra da bananeira!

Depois de uma árdua e extenuante época de exames, estou finalmente de FÉRIAS!
O problema é que nem chega a uma semana, mas mais vale pouco que nada.
Acabei com o cadeirão do 5º ano, DIP aka Direito Internacional Privado.
E acabei com chave de ouro, diga-se de passagem.
O meu pobre cérebro já não está para grandes avarias, se bem que nestes dias até vou estranhar não ter nada que estudar!
Agora vou-me dedicar ao dolce far niente... :)

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Vi-te ao longe, estavas encostado ao muro e virado para o mar.
O teu olhar calmo espraiava-se pelo horizonte.
E nunca te tinha visto assim, tão relaxado, tão bem contigo próprio, sem aquela distância que inisistes em colocar entre ti e os outros. Nunca deixas ninguém transpor essa tua barreira de frieza e indiferença.

Caminhei para ti e quando me aproximei brindaste-me com um sorriso caloroso.
Estava cada vez mais surpreendida...
Abraçaste-me com força, senti o calor do teu corpo contra meu e nunca me parecera tão reconfortante. Sentia cada músculo teu colado a mim, a respiração morna no meu perscoço e as tuas mãos fortes a passearem nas minhas costas. Nada mais faltava que um beijo!

Mas de repente é só uma claridade imensa à minha volta, o meu corpo parece que flutua, que não tenho peso. Não sei onde estou nem o que sou, sinto-me a pairar no ar. Onde estás tu?

Aterro em mim. Abro os olhos lentamente.
Estou na minha cama, foi só um sonho. Não estás aqui nem nunca estiveste.
E essa certeza é como uma dor que se aloja no meu peito e que nunca se apaga.
Não estás aqui... No entanto, ainda sinto o teu calor no meu corpo, ainda está no ar o teu perfume e a minha boca ainda tem o teu sabor.
A saudade de ti é um fardo, não te consigo esquecer.
Levanto-me, é noite cerrada lá fora.
Lembro-me o quanto gostas da Noite.
Onde andarás?

domingo, fevereiro 06, 2005

Há músicas que nos fazem escrever sobre certas coisas.
Outras farão que escreva sobre outros assuntos completamente diferentes.
Cada pessoa, cada momento, me faz escrever sobre algo.
Algo diverso e único em relação ao demais.

Cada um é único à sua maneira e cada pessoa me marca indelevelmente; mas sempre do seu modo especial.
Haverá quem me ponha a escrever sobre a alegria, outros me farão com que escreva sobre a desilusão e outras pessoas sobre o amor.

Em relação a ti poderia escrever sobre alegria, mistério, empatia, ternura, atracção, paixão...
Nunca sobre Amor. O que se passa entre nós é mais semelhante com uma doença, um veneno, do que com amor. O amor é puro. Entre nós, é mais a carne que nos apela aos sentidos.
É a visão do outro que nos torna consicente de nós, do que somos e do que nos impele irremediavelmente para o outro. Não há volta a dar, infestaste-me o sangue, o corpo e a alma.
Mas não é amor, não...
É obsessão, é doentio, é um mal maior que invade o meu ser.
E não há volta a dar, por muito que te tente arrancar de mim, continuas cá.
Sempre. Irremediavelmente. És a nuvem negra dos meus dias e o pesadelos das minhas noites.

Mas não é amor, não...

sábado, fevereiro 05, 2005

Sou um guardador de rebanhos

Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar numa flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei da verdade e sou feliz.

ALBERTO CAEIRO

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Dura Lex

Nunca antes tinha encontrado um texto que reflectisse tão fielmente as agruras do curso de Direito. Como quem espera sempre alcança ou como água mole em pedra dura tanto dá até que fura, veio hoje parar-me às mãos a obra-prima!

Também eu sofri e ainda estou para sofrer com o Prof. Soares Martínez!
Ou com as servidões de passagem, o acto administrativo perdido, a personalidade jurídica do zigoto, as dívidas dos cônjuges, os direitos fundamentais, o sócio remisso, o contrato de abertura de conta, a responsabilidade por dano de confiança, o "ius variandi", a revelia do réu, o requerimento de abertura de instrução, o fideicomisso ou o problema da qualificação em DIP!
Estudantes de Direito deste país, uni-vos e revejam-se no texto abaixo!


Crónica de Pedro Mexia in Grande Reportagem
(texto recebido por e-mail)

A enfiteuse e o fideicomisso

«Uma amiga de longa data pediu-me que lhe corrigisse as vírgulas na Tese de doutoramento. Com certeza que sim. Atirei-me, pois, às vírgulas.
Mas confesso que não estava preparado.

É que a tese - não sei como dizer isto - debruça-se sobre a problemática da cessão dos créditos.
Confortavelmente esticado na minha caminha, de lápis na mão, dei por mim
teletransportado ou, se preferirem, transplantado para a década de noventa do século passado. Essa tarde recordou-me outras tardes, árduas e infindáveis, há 12 ou 13 anos.

Era, nessa época, aluno do curso de Direito.

Saquei o canudo em 1995. E, depois disso, tenho mantido o silêncio.
Mas agora, passado o período de nojo, aproveito para deixar aos meus leitores dois ou três avisos sobre o dito curso.

Pois bem: trata-se da mais inconcebível, árida, macilenta e desprezível das criações humanas. Reparem que nem sequer me refiro ao Direito propriamente dito: sobre essa matéria a conivência dos juristas com tiranias sortidas e as obras completas do Kafka chegam e sobram. Quero agora evocar apenas o curso, aqules cinco penosos anos de colónia penal.
Convém aliás explicar que o curso de Direito tem cinco anos não por exigências curriculares mas como forma de homenagem aos planos quinquenais soviéticos.
A lógica de opressão, de dirigismo e de extermínio é a mesmíssima.
Não vou agora aqui sumariar a minha experiência estudantil, a qual, aliás, foi aprazível a princípio e se tornou depois indiferente.

Mas recordo-me bem do momento de viragem.
Em pleno terceiro ano, o meu descontentamento veio ao de cima violentamente, como um almoço mal digerido.
Estava numa aula de Direitos Reais. Estava aborrecido.
Estava com sono. Escrevinhava coisas num caderno.

E em cima do estrado, o monocórdico mestre dissertava sobre a «servidão de estilicídio».
Eu explico: trata-se de garantir escoamento das águas quando um prédio vizinho não
está a mais de cinco decímetros do outro.

A minha vaga insatisfação com o curso tornou-se, nesse segundo, algo de muito mais agudo, como uma úlcera que rebenta.
Eu não sabia o que queria fazer da minha vida; mas não era certamente estudar o escoamento de águas e a distância entre os prédios.
Que se lixasse o estilicídio.
Eu queria distância era do curso. Porque essa era a nossa faina.
Engolíamos, como óleo de rícino, noções assim intragáveis durante dez infindáveis
semestres.

Não apenas a acção de despejo, o IRS ou a recorribilidade do acto administrativo, assuntos minimamente perceptíveis, mas muitas e muitas
bizarrias. A Constituição da Costa Rica. O inadimplemento culposo.

A impugnação pauliana. A venda a retro. A ineptidão da petição inicial. As prescrições presuntivas. A substituição quase-pupilar. O fideicomisso.
O anatocismo. A enfiteuse. Os vícios redibitórios. Os impedimentos dirimentes relativos.
O contrato sinalagmático. O registo das sociedades em comandita.
O benefício da excussão. E, claro, a cessão de créditos.

É preciso ter um interesse desmesurado acerca das regras que regulam uma sociedade, em todos os seus nauseabundos detalhes, para estudar estas salgalhadas.
E para aguentar os infindáveis casos entre o "senhor A" e o "senhor B", que vendiam
um ao outro casas, se processavam, pediam licenças de uso e porte de arma,
deixavam violas de gamba em usufruto, e por aí em diante.

Por vezes iam mais longe: o usufruto era em Amesterdão, a arma de Poiares da Beira, o processo na Califórnia e a casa nas Comores. Quid juris?, perguntavam, sacanas, os lentes.
Não sabíamos nem queríamos saber.

Por esta altura, todos nós queríamos mais era que o senhor A e o senhor B se quilhassem. Manhãs e tardes a fio assisti a isto. Noites e noites a fio estudei isto.
Vou ter olheiras para sempre por causa disto.
Arruinei a minha caligrafia por causa disto.
Sofri horrores de nervos e bexiga por causa disto.

Aguentei o prof. Soares Martinez por causa disto.
Comprei e sublinhei de capa a capa catrapázios de setecentas páginas sobre a pensão de alimentos por causa disto.

Por isso vos digo, ó finalistas do liceu: não se metam nisso.
Parafraseando Jaques Séguéla, diria que há actividades bem mais decentes.
Como pianista num bordel. »



NOTA: Realmente ter Reais depois de almoço.... Eu tive às 8h da manhã com o filho do Prof. acima referido!


At last!

Hoje terminei os exames escritos.
Agora segue-se a oralzinha da praxe da Direito Internacional Privado, o "cadeirão" do 5º ano de Direito, algures na semana do Carnaval.
Olha que bom, lá se vai o Carnaval!
Estou exausta de estudar e de tantos exames, do trabalho, precisava de umas férias longe daqui!
É pena que os problemas não se resolvam assim.
Haveria pessoas que nunca mais veria.... Weee!

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Fevereiro

Está cada vez mais frio e eu cada vez mais atacada pela gripe.
Mais um mês que se iniciou, é mais o tempo que passa.
Certas coisas continuam por fazer e por decidir... outras por esquecer.
E o tempo que não tem misericórdia e passa, passa, sem contemplações.
Até quando?
Até quando ele marcará impiedosamente os passos da minha existência?
Haverá maior peso sobre os ombros de alguém?
Eu aqui continuo, nada procuro.
Apenas sigo a minha trilha.
E lá fora, o vento...