quinta-feira, junho 22, 2006

Apetece-me escrever mas a minha pena flutua por caminhos invisíveis, onde perco o rasto a tudo o que não é perene. Queria tanto deitar cá para fora o que me assusta ou o que me preocupa mas a pena insiste em não me obedecer.
Eis que a minha alma é como a pena, leve e solta, não se prende a caminhos ou a textos feitos. Até gostava de fixar um caminho, um destino a percorrer mas a minha alma voa para longe a pena entrega ao vento as minhas palavras.
Queria escrever o que sinto e não sinto, o que sonho, o que não desejo para o meu futuro; porém, a pena troça dos meus intentos, nunca se deixando agarrar. Voa, páira lá no alto, mostrando-me que afinal mais vale vou ter de lutar para escrever, para sonhar, para a agarrar...

terça-feira, junho 20, 2006

Porque sim, porque me apetece

Se, depois de eu morrer...

Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas --- a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.

Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem setimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso fui o único poeta da Natureza.

Alberto Caeiro

terça-feira, junho 13, 2006

De vez em quando, quando estou para aí virada, gosto de seguir clichés.
Por isso amanhã rumo ao Sul.

terça-feira, junho 06, 2006

«Woe to you Oh Earth and Sea
for the Devil sends the beast with wrath
because he knows the time is short
Let him who hath understanding
reckon the number of the beast
for it is a human number
its number is six hundred and sixty six.»

domingo, junho 04, 2006

Interstate Love Song

Waiting on a Sunday afternoon
for what I read between the lines, your lies.
Feelin' like a hand in rusted shame
so do you laugh or does it cry?
reply?
leavin' on a southern train
only yesterday you lied,
promises of what I seemed to be
only watched the time go by,
all of these things you said to me.
breathing is the hardest thing to do.
with all I've said and
all that's dead for you,
you lied - good bye l
eavin' on a southern train
only yesterday you lied
promises of what I seemed to be
only watched the time go by,
all of these things I said to you.

STP

:)

sábado, junho 03, 2006

Já passava das 3 das manhã.
O calor enorme no meu quarto não me deixava dormir.
Levantei-me com cuidado para não acordar ninguém em casa, abri a janela e sentei-me no chão.
Lá fora, as luzes apagadas dos prédios, um céu escuro. Lá no alto umas quantas estrelas perdidas.
Irremediavelmente, lembrei-me de ti. Esforço-me e luto comigo mesma para não me lembrar do teu rosto, mas não consigo. Se calhar sou fraca. Ou então a tua imagem é insistente. É estranho, porque aparentemente nada nos une.
Corria uma brisa.
Pensei onde andarias tu àquela hora. Não devia pensar em ti.
E para te esquecer, vim cá para fora. Na varanda estava mais fresco. Tudo escuro nas ruas, só as luzes dos candeeiros davam alguma claridade. Soube tão bem estar ali, sózinha, só me tendo a mim como companhia. Por momentos, senti-me em paz.