quinta-feira, março 24, 2005

O MAGO -Parte III





Um dia de tarde resolvi ir passear na praia. O vaivém da maré e sol a pôr-se com certeza que me iriam animar. Caminhei por quase uma hora, sentindo a areia molhada nos meus pés e aspirando a brisa salgada. Já não tinha a certeza de nada. Serias real?

Toda a minha vida me veio ao pensamento; realmente nunca batalhara pela minha vontade mas sim pela vontade dos outros. Só ali percebera o quanto influenciável era… Jamais tinha trilhado o meu caminho. Parece que chegara o momento para tomar as rédeas daquilo que era exclusivamente meu: a minha vida, o meu Destino…
Lembro-me dos reflexos vermelhos do sol a pôr-se, o mar parecia em chamas.
Deitei-me na areia ainda quente do dia de Verão que estava a terminar… Perdida nos pensamentos, adormeci. De modo profundo.
Acordei passado não sei quanto tempo… Já era noite escura e a lua brilhava no alto do céu negro, reflectindo-se vaidosa na água do mar… Só então me apercebi que estava coberta por um casaco negro. Antes que pudesse ter qualquer tipo de reacção vejo-te sentado calmamente ao meu lado, admirando a calmaria da Noite… De um salto levantei-me, deixando cair o casaco na areia.

- Quem és tu? O que fazes aqui?

Lentamente viraste o teu rosto para mim e pela primeiríssima vez pude ver as tuas feições. Logo me pareceram familiares… O rosto oval bem vincado, a boca pequena mas cheia, a pele alva, o cabelo ondulado revolto e os olhos verdes que brilhavam como nunca tinha visto. Sim, já te conhecia. A chama em mim incendiou-se, alastrando-se ao meu peito, a todo o meu ser!

- És muito mais bonita do que me tinha apercebido…

- Quem és tu?!

Tu caminhavas para mim e com medo recuei, mas não conseguia desprender-me dos teus olhos. A minha alma pairava nessa imensidão de verde líquido.
Com delicadeza pegaste-me na mão esquerda e com o teu dedo indicador passaste sobre as linhas da mão. O teu toque parecia queimar-me, quis retirar a mão mas seguraste-a firmemente.

- Não tenhas medo, não te vou magoar. Apenas tínhamos que nos encontrar.

A tua voz soou grave e profunda. Eu parecia estar num sonho.

- Encontrar? Mas quem és tu? Como me descobriste aqui?

Não esmoreceste perante a minha desconfiança. Ficaste ainda mais seguro de ti.

- Procurei-te em todas as minhas existências, durante eras e eras.A minha alma evoca a tua há muito, muito tempo. Estudei todos os mapas, todos os sinais… Soube esperar. Até ter a certeza que eras tu, que era por ti que vinha de novo aqui. És a parte que me falta.

Fiquei assustada, puxei a mão e virei-lhe as costas. Desatei a correr, assustada, quem seria ele? O que queria de mim, que conversa era aquela. Num ápice alcançou-me e segurou-me firme pelo braço.

- Sabes que não precisas de fugir. Saberei sempre onde tu estás, assim como tu saberás sempre o meu paradeiro. Há muito tempo que zelo pelos teus passos e velo pelas tuas noites. Nunca deixei que nada te acontecesse, mesmo tendo que suportar ver-te influenciada por aquela gente. Vim para te dar a conhecer o teu verdadeiro destino. Ariana, és minha…

Um sussuro levou-me para longe dali… Parecia estar a pairar no ar, leve, levitando ente o espaço e o tempo. De repente o meu corpo estremeceu… Abri os olhos sobressaltada. Estava deitada em frente ao mar, a noite estava escura e uma brisa fria arrepiou-me. Apertei a roupa contra o meu corpo. Só então reparei que tinha um casaco negro vestido…

segunda-feira, março 21, 2005

O MAGO - Parte II




Pouco depois chegou a minha amiga do seu exame, vinha satisfeita. Não me lembrei mais de ti… E seguimos as duas para a praia.
O dia correu calmo e de noite resolvi ficar por casa.
Sentei-me na minha varanda, a observar o reflexo da lua no mar, a noite estava morna… Mas de forma inesperada uma brisa gelada envolve-me, tolda-me o pensamento e os movimentos, levanto-me assutada e debruço-me no parapeito para respirar melhor…
Lá em baixo em frente ao meu prédio. Encostado a uma árvore. Vestido de preto, estavas tu. Senti-me trespassada pelos teus olhos. Foi a primeira vez que os vi. Lembro-me que na penumbra da noite pareciam duas esmeraldas fulgurantes.E por trás desse brilho, uma sombra escura que te envolvia. Fiquei hipnotizada enquanto me perdia nos teus olhos, pairava entre o absimo que naquela altura me pareceste; mas era um abismo onde queria, sem dúvida, perder-me. Não sabia o que nos atraía, porém era inegável que algo nos ligava.

Recuperei o fôlego e quando voltei a olhar já tinhas desaparecido. Estavas decidido a intrigar-me! Quem serias tu, essa misteriosa figura vestida de negro com uns olhos magnéticos? E como terias descoberto onde morava. Fiquei com medo, podias ser um psicopata ou algo do género! Contudo senti outra vez o fogo da chama dentro de mim, a chama que acendeste quando me observaste na faculdade… O medo desvaneceu-se. Tinha que saber quem eras e o que querias de mim!

De noite mal dormi, a visão do verde dos teu olhos assombrava-me.
Estava mais que decidida a descobrir quem eras tu, por isso, como não tinha dormido, levantei-me cedo e dirigi-me à faculdade. Se te tinha visto lá, ou estudavas ou trabalhavas ali!

Cheguei determinada…
Procurei-te por todo o campus da universidade, consegui mesmo consultar listas de alunos, a ver se pelas fotografias te encontrava… Mas nada. Naquela mesma noite esperei na varanda a ver se te via. Nada. Dias seguidos caminhei para a universidade mas continuava a não ter um rasto de ti. Estava obcecada, não te conseguia esquecer, a chama consumia-me por dentro e não desistia de saber quem eras!
A minha vida não tinha muito interesse, seguia aquilo que os meus pais me tinham determinado, namorei com o rapaz que os meus pais queriam. A minha vida era amorfa, apenas percorria o que me diziam para percorrer. Mas algo em ti me dizia que não era isso que o Destino queria de mim. Encontrar-te tornou-se, então, a principal meta da minha existência. Tu eras o meu objectivo supremo!

No entanto, os dias passaram e não havia sinal de ti.
Uma parte de mim já começava a duvidar de que existirias. Outra dizia que eras bem real e que tínhamos de nos encontrar. E a chama continuava a arder dentro de mim…

CONTINUA!

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sábado, março 19, 2005

O MAGO - Parte I


Posted by Hello

Escondendo o Sol...
Escondendo a Luz, que tantos guia e tantos ilumina.
A minha alma perdeu a graça e o fulgor, não pertenço a este mundo que tantos encorajam e nele rejubilam...
Perdi-me naquilo que queriam que fosse e nunca aquilo que eu queria ser.
Apaguei todas as luzes da minha existência, és tu, oh Noite eterna!, que me guia e me seduz.
Que me alimenta os sentidos e o espírito.
Vim aqui contar a nossa história.
A história de como te conheci e de como me fizeste ver a verdade da vida. Como estava enganada!
Não sei o que nos une... Algo maior que a nossa vida terrena, sem dúvida!
Mas não me posso alongar em devaneios, o tempo urge, e eles precisam saber a nossa história.
Também eles verão a verdade...
Também eles saberão o que nós somos...!

***

Lembro-me como se fosse hoje. E na verdade, parece que aconteceu noutra vida.
Era um dia de calor abrasador, daqueles em que o ar quente fica suspenso no ar, fustigando os corpos daqueles que se atrevem debaixo do sol.
Era um dos últimos dias de exames na faculdade, vagueava por ali à espera de uma amiga que tinha ido fazer um exame. Como o calor me incomodava, fui ao bar buscar uma bebida fresca e sentei-me na sombra da esplanada a apreciar o líquido gelado que me refrescava por dentro.
Passeava os olhos pelo campus da universidade, observando as pessoas que passavam; professores atarefados para realizar exames, alunos nervosos, e outros que festejavam com certeza bons resultados. De repente, os meus olhos pousaram em ti.
E nesse preciso segundo, ainda que nada o fizesse adivinhar, uma chama acendeu-se em mim.
Sentado no relvado do campus com uma pasta no teu colo, parecias estar a desenhar.
Na altura espantei-me como é que era possível com o calor que estava, estares totalmente vestido de preto. De óculos escuros. Parecias compenetradíssimo na tua tarefa. Fiquei observar-te por uns minutos. Estavas bem longe de mim, e as pessoas passavam entre nós. Logo ali tinhas chamado a minha atenção, algo me intrigava. E mais surpreendente foi o que se passou a seguir.
Mesmo estando a uma distância considerável, viraste-te na minha direcção e fixaste o teu olhar em mim. Com determinação. Senti-me petrificada. A chama agitou-se dentro de mim. Como era possível, dada a distância entre nós, que te tivesses apercebido que te observava? Fiquei perturbada, agitada! E desconhecia porquê.... Mas logo te levantaste e desapareceste sem que pudesse dar conta aonde te dirigias. Mal sabia eu que me irias sempre surpreender desta forma...


CONTINUA!

CONTO DE MINHA AUTORIA
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

terça-feira, março 15, 2005




"Death, spirit me away
My anguished soul doth strain
On taut and twisted reins
Yet, insatiate I still remain
Like a proud, unfallen star
That dares thee from afar
To calm my thund'rous heart
Else... rend it's knots apart
So I may never sing

Of jewelled skies o'er my strings
And love, a wanton thing
Can plunge on burnt, black wings
To hang amid the thorns
In scarlet, like velvet worn
About the clouded moon
Who wanes in solitude...

I am alone
Thirsting for the dark
That lurks beneath marbled stone
What black witchcraft
Shalt prise thee from thy dreams
And what perverse world-strategy
Will wend it's way with thee from sleep?

"Rouse my disease
And with cadent naked dance I shalt teach
Thee wisdom of darkness
From earth and red sea
Lightbearing Samael
Coalesce with me..."

Twilight
Through pagan city gates
Bred shadows play like twining snake
By candlelight
Thanateros rites
Death seduced and chaos wakes...

Obsession grips, blindragon fever
In throes of scythed orgasm, Eros dies
And Saturn rapes faith's lovelorn Diva
Upon a cyprean altar, stripped bare for sacrifice
Virtue births a demon
Pandora's box, unhinged, sets loose the night
Winged lilith born for want of Eden
Fanning plumes of harlotry
Like pearls before the desert swine

The skies, they darken
And the oceans part
Storm forth indignant Kraken
Reborn Venus as thou art
Feasting at my banquet
Of Saturnalia
I call thee having wrestled
The tides from lonely Diana

"For thee Endymion
I forsake the cerements of this star-flung tomb"

Be-with-us come
Unveil the ancient flame
Throw the cats our enemies
Desire's menstrual stain
Eastern Devil eyes
A cruel erotic plague
The Shekhina is in exile
And the Israelites enslaved to shame

Midnight
Jerusalem
A tenebrous phantasy
Revelates to men
Their celestial walls crumble
When walks the Xul
Born to the scarlet whore in Babylon

The centuries of wait have all but gone
Behold dark beauty stirs to conquer on and on

Now worship Everything."


"Beauty Slept in Sodom" - COF


Nunca pensei dizer isto, mas os meus dias negros voltaram.
Hail to the Full Moon!
Tive ânsia da Escuridão e do prazer que me sempre consolou.
A dor é por demais profunda, a Luz não é me é grata.
Bem vinda aos Reinos da Noite, eis-me aqui de novo!
De volta às Noites de Lua Cheia, convido-vos a entrar e a deixar todas as esperanças para trás...
Aqui é o tempo e o espaço do meu oculto.
I have returned to claim my throne!

domingo, março 13, 2005





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Descaradamente roubado ao
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quinta-feira, março 10, 2005

Era aqui que eu devia estar!




Sossegada, longe do stress, da tristeza e da apatia...
A saborear uma caipirinha, o sol e mar morno!
A inspiração voou...
A vontade também não é forte.
Esperem por melhores dias meus caros, a ver se Lua Cheia volta a brilhar por aqui!

terça-feira, março 08, 2005

Ser Mulher




Não se precisa de um dia para comemorar o mundo fantástico que é Ser Mulher.
Precisar-se-ia milénios para os outros seres o compreenderem, por ser algo de tão sublime e maravilhoso.
Porém, convém sempre relembrar o ser que melhor sente aquilo que aos outros passa ao lado, que capta e aplica na sua vida a essência do Belo e do Puro.
Ser Mulher é Amar, mesmo que demais...
É sofrer e dar a Vida.
Não precisamos deste dia, mas é sempre bom lembrar.
Que seria do Mundo sem Nós?

sábado, março 05, 2005

Damn!

«That old dog has chained you up alright
Give you everything you need
To live inside a twisted cage
Sleep beside an empty rage
I had a dream I was your hero


Damn I wish I was your lover
I’ll rock you till the daylight comes
Make sure you are smiling and warm
I am everything
Tonight I’ll be your mother I will
Do such things to ease your pain
Free your mind and you won’t feel ashamed

Open up on the inside gonna fill you up gonna make you cry

This monkey can’t stand to see you black and blue
Give you something sweet each time you
Come inside my jungle book
What is it just too good
Don’t say you’ll stay’cause then you go away

Damn I wish I was your lover
I’ll rock you till the daylight comes
Make sure you are smiling and warm
I am everything
Tonight I’ll be your mother I will
Do such things to ease your pain
Free your mind and you won’t feel ashamed

Shucks for me there is no other
You’re the only shoe that fits
I can’t imagine I’ll grow out of it
Damn I wish I was your lover

If I was your girl believe me
I’d turn on the rolling stones
We could groove along and feel much better
I could do it forever and ever
Give me an hour to kiss you
Walk through heaven’s door I’m sure
We don’t need no doctor to feel much better
Let me in
Forever and ever and ever and ever

I sat on a mountain
side with peace of mind
I lay by the ocean making love to her with visions clear
Walked for days with no one near
And I return as chained and bound to you

Damn I wish I was your lover
I’ll rock you till the daylight comes
Make sure you are smiling and warm
I am everything
Tonight I’ll be your mother I will
Do such things to ease your pain
Free your mind and you won’t feel ashamed

Shucks for me there is no other
You’re the only shoe that fits
I can’t imagine I’ll grow out of it
Damn I wish I was your lover

Just open up I’m gonna come inside I wanna fill you up I wanna make you cry
Damn I wish I was your lover
Gettin’ on the subway and I’m comin’ uptown
Damn I wish I was your lover
Standing on a street corner waiting for my love to change
Damn I wish I was your lover
Feelin’ like a school boy too shy and too young
Damn I wish I was your lover
Open up I wanna come inside I wana fill you up I wanna make you cry
Damn I wish I was your lover
Gettin’ on my camel and I’ll ride it uptown
Damn I wish I was your lover
Hanging around this jungle wishing that this»

SOPHIE B HAWKINS


(Um sentimento muito frequente... e muito cruel também... e injusto... e ...)

quarta-feira, março 02, 2005

É um privilégio estranho que têm aqueles de quem gostamos.
Gozam em pleno do nosso afecto mas, por outro lado, gozam da faculdade de nos poderem magoar.
É verdade. Só aqueles de quem gostamos nos podem ferir.
Parece que têm um crédito sobre os nossos sentimentos, sobre a nossa paz de espírito e bem estar. E eis que senão quando esse crédito falha, e surge um incumprimento.
Um incumprimento de afecto.
É ambígua esta relação.
O objecto do nosso afecto tanto pode ser a fonte da eterna-enquanto-dure felicidade como a origem espero-que passe depressa mágoa. Um "facere" e um "non facere".
Não me alongo
Hoje, alguém que amo disse algo que me magoou.
É uma dor que alastra pelo peito.
Não quero dizer mais nada. Porém, nesta relação creditícia de afectos nunca deveriam haver incumprimentos mas nada é perfeito e se sou humana tanto posso ser feliz como sofrer.
Hoje foi dia de incumprimento. Não definitivo. Ou talvez cumprimento defeituoso.


(ando a reler demais a matéria de Direito das Obrigações...)