quarta-feira, junho 30, 2004

Hummm... Que laranjas tão docinhas!

Depois de umas tapas, de um bife duro de roer, umas laranjas calham mesmo bem!



Laranja aos gomos

Mesmo no meio de uma crise política aguda, Portugal não se desliga da Selecção.
E acho bem.
Temos de estar com aqueles que nos dão alegrias, e não aqueles que não sabem ultilizar o nosso voto de confiança.

Por isso, não vai ser por falta de apoio que a Selecção das Quinas não irá cortar as laranjas aos gomos!!!

FORÇA PORTUGAL!





segunda-feira, junho 28, 2004

E agora o meu final...


«As forças faltavam-lhe, caiu desamparada no chão e o barulho da sua queda na calçada gelada ecoou pela rua.

Quando ganhou consciência, não sabia quanto tempo tinha passado nem onde estava. Ainda não conseguira abrir os olhos, mas pouco a pouco foi-se lembrando de tudo... Da força que a impelira para a rua naquela noite gélida, de vaguear em busca de algo... E de como o Destino os decidira reunir. Ali, num canto da rua, a tremer de frio, encontrara-o. O seu amor de sempre, aquele que procurara e que encontrara sempre em séculos e séculos de vidas passadas. Mais velho, mais cansado... e frágil demais para continuar a viver...

Quando abriu os olhos reconheceu o quarto onde estava.
Era um dos tantos quartos do hospital onde trabalhava. A cama aconchegante, o ambiente acolhedor, as paredes brancas... Mas uma dor lancinante a trespassava. Não era uma dor física, era uma dor da alma, daquelas que abrasam o espírito quando não sabemos daqueles a que amamos.

Tocou a campaínha.
Apareceu uma colega sua.
Assim que apareceu não a deixou perguntar nada, apenas sorriu e falou calmamente:

- Sei que queres saber de alguém. Esse alguém entrou contigo neste hospital.

O seus lábios tremeram, abriu a boca para gritar o seu desespero mas a sua colega enfermeira continuou...

- Quando caiste na calçada, o barulho foi tão forte que uma senhora veio ver o que se passava e logo chamou uma ambulância. Vieram deste hospital, e quando chegaram ao pé de ti, estavas semi-consciente e murmuravas coisas sem nexo, mas no meio lá falaste em alguém com o teu casaco mais abaixo.

As lágrimas irromperam-lhe pela face, uma dor aguda cravou-se no seu peito... A colega pegou-lhe na mão...

- Encontraram-no inconsciente e com os sinais vitais muito fracos.
Só havia um sopro de vida naquele corpo. Mesmo assim assistiram-no e trouxeram-no... Aviso-te que está muito, muito fraco e não pode sofrer sobressaltos...

Quando caminhava com a ajuda da sua colega no corredor do hospital em direcção à enfermaria onde ele se encontrava, julgou que o seu coração não ia aguentar... As lágrimas molhavam-lhe a face marcada da dor e da saudade... Ele, mesmo a morrer, estava ali. Ao fim de tanto tempo, ia vê-lo, tocar-lhe, cuidar dele... Não o abandonaria nunca mais, nem que tivesse que morrer com ele.

Chegou à porta entreaberta.
Empurrou-a devagarinho....

Ele estava deitado, o cabelo grisalho comprido espalhado pela almofada alva, os lábios entreabertos como sempre, a face marcada por anos de sofrimento suavizada pela certeza de quem sabe que vai partir. os olhos delicadamente fechados...

Pegou-lhe na mão... Sentir o seu calor, ver aquele ser que amava desde o início dos tempos, ali, frágil, derrotado pela vida e por um amor que nunca cumprira, inclinou-se e beijou-lhe a face enrugada...

Ele abriu os olhos.
A morte vinha buscá-lo mas ela estava ali consigo.
Os olhos verdes tristes, mas belos como sempre...

Olharam-se mais uma vez demoradamente, reconhecendo-se como sempre em cada instante. Agarraram as mãos curtidas pela vida enquanto as lágrimas lavavam o sofrimento de tantos anos, a dor da separação que os consumira.

Contudo o Amor de sempre encheu aquele quarto, aquele era o seu momento de redenção. Tudo o que a Vida lhes tirou, a Morte lhes traria...
Ela beijou-lhe a testa.
Ele suavemente encostou a sua mão aos seus lábios.
Sorriram...
E ternamente se abraçaram...

Muitas horas depois alguém voltou àquele quarto...
Uma estranha paz o invadia.
E uma luz envolvia aqueles dois corpos, apagados de Vida, mas repletos de Amor...»

O Arthe, um amigo que muito me ouve e aconselha, confessou-se fã deste recanto.
Gostou especialmente deste texto...

E então resolveu escrever uma continuação, à qual juntei depois a conclusão, que a diante será publicada.

Apreciem...

«Nada feito, ele amara aquele ser infinito para ele, ele pensava nela como se ela fosse uma relíquia sua do seu coração, ele sentia-se desesperado, estava a entrar em loucura. Sonhava constantemente com o seu sorriso agridoce. O seu cheiro a lírio e os seus lábios de mel. Que há a fazer? Será que algum dia a encontrará. Ele desesperado entrou no caminho do desespero. Deixou ficar a vida. A vida passava por ele e ele nem dava conta, estava destruído, deixou de trabalhar, deixou de sentir, apenas vivia.

Ao fim dum ano perdeu o emprego, um emprego bem remunerado, um emprego perfeito, um emprego que ele adorava fazer, aquilo que queria fazer, toda a sua ambição tinha descido ao inferno. Ele não se preocupou nunca mais do trabalho, não era isso que a traria de volta. Não era isso que devolvia aquele ser que amava. Sonhava com ela e aquele dia maldito que acordou sentimentos adormecidos que soltou o Ciclope que se encontrava fechado no interior de si.

Depois perdeu tudo o que tinha, apesar de não ter nada mesmo, sem ela a sua vida não fazia qualquer sentido, sem aquele anjo doce ele não tinha nada. Se nada tinha, nada perdeu.

Vagueava na rua, era mais um entre tantos, era mais um sem abrigo, era um eremita no meio da cidade apinhada de gente, todos passavam por ele e ele era transparente, não contava, não era um ser humano, não existia, era apenas um objecto ali nas ruas intemporais e nos becos mais sombrios, estava morto, apesar de o seu sangue correr, apesar do seu coração bater, mas estava morto.

Era um morto-vivo, para sobreviver comia o que encontrava nos caixotes do lixo, muitas das vezes tinha como rivais pelo seu alimento, os cães e os gatos que também sobreviviam dessa forma.

Passaram anos em que os Outonos húmidos, Invernos frios e Verões sufocantes mostravam o seu ódio a ele e ao seu corpo. Sobrevivia a tudo. Já nem se lembrava do que tinha sido, mas lembrava-se do cabelo castanho claro, os olhos penetrantes e brilhantes esverdeados, o seu cheiro, tudo isso era lembrança que tinha dela que nunca se desvanecia, como se acontecesse ali naquele momento, como se aquele momento da vida deles se repetisse a todas as horas do dia. Ele tinha descido ao abismo. Ele mesmo assim daria todo o sucesso que ambicionava ter na vida e que o estava a conseguir por aquele momento que teve. Para ele a sua vida fazia sentido apenas por aquele momento. Momento que valeria mais que 100 anos de uma vida de sucesso.

Ela depois daquele encontro, nunca mais foi a mesma, sentia saudades dele, sentia saudades do momento que a sua vida tinha cruzado por um acaso destino com a dele. Duas linhas da vida em que se cruzaram num determinado momento e que influenciaram ambos. Ele se autodestruiu e ela perto disso.

Ela uma enfermeira que vivia para os seus doentes, a mais amada pelos doentes a mais doce de todas, a que era mais empenhada no alivio da dor dos seus doentes a que era mais suave nos seus cuidados para com os seus doentes, continuou a trabalhar, a fazer voluntariado, a trabalhar muito mais de 16 horas por dia, tentava esquecê-lo com a dor física do cansaço, trabalhava incessantemente quer no hospital, quer num lar de acolhimento, apoiava todas as causas de solidariedade, vivia apenas para os outros. Os anos passavam e ela continuava ali doce terna e incessante no seu trabalho e no seu voluntariado.

Ela cada doente que tratava, pensava que pudesse ser ele, cuidava-os com carinho, com ternura. Anos atrás de anos assim. Recusou constantes pedidos amorosos, ficou morta para o amor de qualquer homem que não fosse ele o ser com o olhar mais terno do mundo, ele melancólico de uma beleza estranha e cativante.

Ela de cada vez que acedia a dar algum descanso ao seu corpo, a sua mente voltava como se fosse um escape a senti-lo a ele, queria acariciar os seus cabelos pretos e lisos queria sentir o aroma daquele perfume. Da loucura que seria tê-lo no seu leito e ser acariciada por aquelas mãos suaves e grandes.

Acordava muita vez com lágrimas nos olhos de saudades que sentia por ele. Ela cada vez se vingava mais no trabalho de voluntária de maneira a tentar aclamar os ímpetos duros da saudade que sentia daquele momento maldito como de êxtase infinito.

Ela num dia de Inverno, daqueles dias que dá dó ao coração sentiu algo muito intenso, algo que se cravava no coração. Acordou cansada como sempre acordava, coberta em lágrimas como sempre e demasiadamente triste como sempre. Mas hoje era diferente. Levantou-se e foi em direcção para a casa de banho lavar a cara, sentia-se muito triste. Muito mal. As lágrimas saíam incontroláveis pela cara a baixo e estavam incessantes.

Algo estava errado, ela nem se vestiu, apenas vestiu um dos casacões por cima da camisa de dormir, calçou-se e saiu para a rua, estava uma noite muito fria, notava-se na rua a geada a formar-se, a humidade fria cortava os pulmões dela quando ela inspirava o ar gélido daquela noite gelada. Andou uma boa meia hora por entre as ruas malditas e meio vazias daquela cidade, não sabe como mas apenas andou, não pensava nada apenas andava e andava sem destino, sem caminho, sem nada que lhe desse qualquer seguimento, ziguezagueava por entre os quarteirões, muitas vezes tomando o caminho mais longínquo por entre dois pontos.

De repente escuta algo, assusta-se pensa que alguém lhe poderá fazer mal, mas que mal pode um homem velho cansado e a tremer de frio fazer?

Aproxima-se e sente cada vez mais as lágrimas a correrem pela cara. Ajoelha-se e puxa-o para si, Continua com o mesmo aspecto melancólico, os mesmos lábios embora estivessem gretados, o mesmo cabelo liso mas agora meio grisalho. Apesar da Barba grisalha, do ar mais enrugado, do ar mais cansado e triste, ele continuava a ser o ser que ela queria para si. Ele tremia e estava desmaiado com o frio. Gritou, mas ninguém a escutou, a estrada deserta continuou deserta. Ela puxou-o mais para si. Despiu o seu casaco e cobriu-o a ele, correu bateu a portas, ninguém a ajudava, pensavam que era uma doida, que estava de camisa de dormir na rua, ninguém a ajudava, ela desesperada quase em desespero e sem voz, sentia o mundo a girar à sua volta estava a sentir-se mal e a desmaiar, simplesmente o mundo deixou de importar para ela, só escutava a voz longínqua de alguém que parecia que estava a falar de kilometros de distancia…»



«Dois corpos unidos / Abraçados num só»

domingo, junho 27, 2004

«- Não voltes!»

Pediu ele com voz forte.
Determinado, virou-lhe as costas. A porta fechou-se e o mundo dela morrera.
E agora?

Sózinha, sem ninguém, deambulou pelas ruas. Os olhos rasados de lágrimas, as forças a esvanecerem-se e no seu coração a dor de um amor que acabara sem sentido. Se a amava, porque não acreditara nela? Não lhe bastaria a sua palavra de que o que os outros diziam era mentira? De que ela e aquela criança tinham sido sempre dele?

Encostou-se a uma esquina e acariciou o ventre.
Aquele criança, por maldade alheia, iria nascer sem o calor do pai. E ao ter pela primeira vez consciência plena disso, a dor trespassou-a... primeiro de fininho, depois com uma avalanche enorme que lhe destroçou a alma. Ajoelhou-se num canto de uma rua agitada e chourou baixinho, esperando que o mundo se esquecesse dela e da sua criança.

Não sabe quanto tempo esteve ali.
Apenas sabia que tinha digerido toda a dor do abandono e toda a desgraça daquela criança que já amava de forma tão profunda.
Levantou-se de cabeça erguida e caminhou decidida.
Se a maldade das pessoas a afastara do seu amor e pai daquela criança, se ele não a soube amar, só lhe restava seguir em frente. Era ele quem perdera, o amor de uma mulher e um amor de um filho.

Voltou para a sua terra, que deixara há tanto tempo para seguir aquele homem.
Trabalhava de dia, e de noite, naquelas horas sózinhas, um rosto invadia os seus pensamentos e a lembrança de horas felizes a acompanhavam sempre. As lágrimas testemunhavam sempre o seu acordar. E dentro dela, a criança crescia.

O tempo foi passando mas a dor daquela injustiça nunca a abandonou.
O momento do parto foi-se aproximando e a sua tristeza agudizou-se por saber que ele não estaria lá para dar as boas-vindas ao seu filho. Seu filho. Ele rejeitara-o mas era seu filho.

O dia chegou.
O dia em que o seu filho ia nascer, transbordava de felicidade, nada mais era importante. Era um augúrio de novos tempos, o sofrimento ficaria para trás, agora era uma nova vida que batia à porta.
Entrou para a sala de partos com um sorriso iluminado.

Passavam horas e tudo se complicava.
Parecia que a criança não queria nascer e as forças estavam a chegar ao fim.
Cesariana era impossível e os médicos desesperavam... Agarrando-se às poucas forças que lhe restavam, tentou mais uma vez...

Enquanto tentava a todo custo que o seu filho viesse ao mundo, um rosto familiar surgiu-lhe no meio daquela confusão de batas verdes e luzes brancas.
Era um rosto de um homem.
De um homem que chorava e de um rosto marcado pelo sofrimento.
A visão turva não lhe permitia ver quem era mas no seu íntimo reconheceu-o.
Ao longe, ouviu a sua voz familiar:

«- Desculpa-me, desculpa-me! Não sei o que me deu para não acreditar em ti. Só pode ter sido o ciúme... Nada do que fizer pode esquecer a dor por que te fiz passar mas eu amo-te e quero ficar contigo e com o bébé, perdoas-me?»

O seu «sim» murmurado foi abafado pelo choro da criança que acabara de nascer.
De repente, tudo se agitou à sua volta, um barulho infernal de gritos e aparelhos...
Concentrou-se no choro da criança que colocaram no seu peito, que acariciava com a mão.
Do outro lado, ele agarrava-lhe a mão tremendo, e pedia-lhe para não ir.
Fechou os olhos e a última coisa que ouviu foi o choro do seu bébé e um grito desesperado...

BASEADO NUMA HISTÓRIA VERDADEIRA...

sábado, junho 26, 2004

Uma fézinha...

Apesar de não gostar do ar nem do nome do "piqueno", aqui fica o dito cujo...!

FORÇA PORTUGAL!





Agora só resta saber se enfrentaremos a Laranja Mecânica ou o País do Prémio Nobel...

De Volta do Sul

Regressada do calor e da água quente do Sul, deparo-me agora com a dureza do quotidiano.

Lá longe ficaram os passeios à beira-mar, a sangria fresca na praia, a loucura quando a Selecção venceu a Espanha e depois a Inglaterra, os fins de tarde no terraço sobre o mar e as saudades dos que cá ficaram.

Agora, de volta à rotina, o acordar do sonho.
É um acordar duro, mas que tem de ser feito...

sexta-feira, junho 18, 2004

Blog a banhos

Este blog entrará de férias por uma mera semana.

Rumo ao sul em busca do dolce far niente...

Podem procurar-me por estas paragens...





quarta-feira, junho 16, 2004

Vitória na Luz



Vencemos à Rússia, a bem da auto-estima nacional.

Até domingo, no jogo contra a Espanha, a Selecção das Quinas é bestial. A partir daí, logo se verá.

Não há dúvida que poucas coisas elevam a moral nacional e o futebol é indubitavelmente uma delas.

Já agora, acho é que podíamos ter uma mascote melhorzita...
Aquele Kinas tem um ar muito duvidoso... Deve ser do nome...

segunda-feira, junho 14, 2004

Ela entrou apressada no metro, mesmo antes das portas fecharem.
Olhou em volta e sentou-se no primeiro assento vago, entre uma velhota a ler a Bíblia e um indiano a cantarolar. Encolhida, olhou para o mapa das linhas de metro, e como não era habitué , custou-lhe a decifrar aquelas linhas e pontos todos.
" Hei-de dar com aquilo!", pensou.

Primeira paragem.
O indiano levantou-se a cantarolar, emebebido no seu próprio mundo. Ela aconchegou-se no assento, liberta daquele aperto. Respirou fundo, olhou para porta, "Mas quando é que isto parte ?" e ele entrou. Calmamente, sem pressa, ajeitou o nó da gravata e percorreu o olhar pela carruagem. Só havia um lugar livre. Sentou-se ao pé dela.

Ela viu-o aproximar-se e voltou a encolher-se "Lá vou eu de novo apertada!". Ele sentou-se descontraidamente, ajeitando os punhos da camisa impecável e olhando para o relógio sem preocupação. Marcava 15h16. Ela recostou a cabeça... e de repente um imagem invadiu-lhe o cérebro! Ela já tinha visto aquele ajeitar de punhos! E com ar surpreso encarou o perfil do homem que estava a seu lado, relaxado, embalado pelos movimentos enérgicos do metro. Fitou o cabelo preto e liso e reconheceu-o... Admirada, contemplou os lábios entreabertos e com ainda mais supresa conheceu aquele mordiscar de lábios... O coração dela disparou quando se lembrou daquela mão a levar o cabelo para trás... E o perfume, ah!, o perfume era tão familiar...!

Ele tentava mostrar-se descontraído.
Por dentro fervia.
Era ela.
Reconheceu-a assim que entrou na carruagem, e a imagem dela captou a sua atenção com um baque no coração e um murro no estômago. Conheceu o cabelo castanho claro, caído pelos ombros, os olhos verdes amendoados, as mãos nervosas e inquietas e os doces lábios rosados... Só havia um lugar e era mesmo ao lado dela.
Sentou-se, tentando mostrar descontracção mas por dentro estava em ebulição.

Enquanto o metro andava, ela reconhecia-o em cada movimento, em cada respiração, em cada trejeito. Encarava-o directamente e ele parecia não ligar, continuava ali esperando algo que nem ele sabia o quê...

Ele observava-a pelo canto do olho. Os olhos ansiosos, a boca ofegante, o peito alvo e irrequieto... Era ela, sim, reconheceu-a e não sabia como lhe dizer.

O metro parou na estação final.
A travagem acordou-a do sonho onde o recordava.
Ele mostrou-se impaciente.

Todos os passageiros se levantaram.
Ela continuava pregada ao assento, reconhecendo-o em cada olhar.
Ele encarou-a por fim. Sorriu-lhe timidamente, a respiração aumentou, a gravata parecia um sufoco, tudo parecia andar à roda... As portas iam-se fechar e ele num ímpeto agarrou-lhe mão e puxou-a para o cais de embarque.

Frente a frente, olharam-se demoradamente.
E nos olhares intensos, reconheceram-se mutuamente.
Nas mãos apertadas, lembraram abraços antigos.
Na respiração acelerada, os beijos perdidos.

Naquele instante, nada mais havia, nada mais importava.
Ela estava ali.
Ele tinha vindo finalmente ao seu encontro.

No meio dos passageiros que invadiam a gare, trocaram promessas de felicidade e juras de nunca mais se separarem em silêncio. Nada os perturbava.

Novo comboio chegou. Ela tinha mesmo de ir.
Uma lágrima calada correu-lhe pela face.
Um suspiro de dor apertava-lhe a garganta entalada pela gravata.

Já o comboio anunciava a partida quando ele lhe largou a mão. Ela correu e entrou mesmo a tempo de as portas se fecharem. Colou as mãos no vidro e pela boca muda lhe disse "Nunca te irei perder, não mais te deixo ir!". E o comboio partiu.

Durante semanas andaram naquela mesma linha de metro na esperança de se reencontrarem.
Ela sempre na expectativa de ver aquele cabelo negro e liso em cada escada do metro. Ele varrendo o olhar em todas as carruagens esperando vê-la.

Andaram semanas nesta ansiedade... Com o tempo, a saudade foi diminuindo e a lembrança apagando-se lentamente...
E em poucos meses, foram-se esquecendo um do outro, até que numa nova vida o Destino os juntasse outra vez.








Ah la belle Paris

Um recanto de Paris, uma das minhas cidades...

Que saudades tuas, Amiga...

(A minha melhor amiga mora lá...)



Impressões do Fim de Semana

Um fim-de-semana interessante a nível nacional...

A Selecção das Quinas perde vergonhosamente com a Grécia.
A moral nacional bateu lá muito no fundo. Mas as bandeiras continuam a esvoaçar e esperemos que nem tudo esteja perdido. O País depositou tanta confiança e esperança neste evento, que um resultado desastroso seria uma quebra na já pouca auto-estima nacional.

O PS venceu as Europeias.
Como seria de esperar, o PSD minimizou os resultados, o PS enalteceu-os.
É tão previsível este pequeno circo de ferinhas que é a política nacional...
De destacar a tromba amuada do Dr. Paulo Portas... Dói não dói?!

A nível pessoal...

O primeiro banho de mar, primeira ida à praia...
Passei a ser uma Lua Cheia avermelhada... :)

sábado, junho 12, 2004

Um desaire a dois tempos

A Selecção das Quinas perdeu 2-1 com a Selecção Grega.

Era previsível. Egos a mais, ainda por cima inflamados, chocam e arrebentam...
Jogadores, para que quereis as pernas que o Altíssimo vos deu, se não correm???

Ainda bem que me fiquei pela praia a deleitar-me com a brisa...

quinta-feira, junho 10, 2004

Bandeiras ao Vento



Aos mais incautos, hoje é Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades.

Festeja-se, portanto, a Portugalidade nas suas mais variadas expressões.
Poderia falar da Cultura, do Desporto e do EURO 2004, da Língua, mas vou realçar um aspecto mais "down to earth", algo que escapou aos olhos mais visados.

É de conhecimento geral a crise pela qual passa o País. E que essa mesma crise afectou a auto-estima dos Portugueses enquanto Povo e Nação. Muitos auguram que uma boa prestação da Selecção das Quinas no Europeu seria o tónico milagroso que nos elevaria às alturas. De facto, se há coisa com a qual o Português vibra, é com o Futebol. Ainda agora se viu quando o FCP foi Campeão Europeu...

Por isso, Imprensa e afins distribuíram bandeiras nacionais ao preço da chuva, testanto assim o nível de patriotismo dos Portugueses. E não é que houve uma adesão em massa?
É ver a Bandeira Nacional nos prédios, nos carros, nas lojas... Eu também tenho uma na varanda da frente. Enorme, sempre esvoaçante, como tantas outras na minha rua.
Parece que nós nos agarrámos a essa ínfima esperança de que tudo corra bem e mostramos em todos os lugares o contente que estamos por sermos Portugueses, elevando as inúmeras bandeiras ao vento. É bonito. Tocou-me.

Se desta esperança e desta fome de glória resultasse um bom desempenho dos Portugueses em todas as áreas, estávamos em todos os pódios!

Mesmo que tais momentos não cheguem, as bandeiras valeram a pena, porque mesmo que por poucos dias, Portugal foi sempre Campeão.

quarta-feira, junho 09, 2004

Recordando o Professor de Finanças Públicas...

Ainda ontem falava da Morte...

Tinha pensado não falar das eleições europeias, só quando saíssem os resultados e aí comentaria toda a campanha.

Mas perante a morte do Prof. Sousa Franco, tudo perdeu o significado.

Tive a honra de ser aluna dele na cadeira de Finanças Públicas, assim como esta colega e estas também.

Recordamos a forma entusiasta como dava as aulas, como nos fazia perder os intervalos porque quando começava a falar de Finanças Públicas e sobretudo das Finanças Europeias (quem fizesse exame oral com ele já sabia que tinha de preparar esta matéria porque era garantido!) não paráva!

E em todas as aulas constatávamos como adorava dar aulas e transmitir o seu enorme conhecimento. Era um professor bastante acessível e com enorme esforço tentou nos cativar para as maravilhas da elaboração do Orçamento de Estado.
Falhou redondamente no meu caso (eu só tive 11 na cadeira), mas graças a ele, as discussões sobre o OE ganharam para mim um novo interesse!

terça-feira, junho 08, 2004





Faça você também Que
gênio-louco é você?
Uma criação de O Mundo Insano da Abyssinia




Born in a modest family, sister of the famous writer Paul Claudel ( 1868-1955 ), Camille was born to Fère-en-Tardenois on December 8, 1864; She spent a part of her childhood to Villeneuve-sur-Fère ( Aisne) in the family house where was born Paul. She decided very early to become a sculptor; she went to Paris in 1881, sure of her fate and her beauty.

In 1883, she meets Rodin and joins his studio the next year. Very fast the bright pupil becomes the love of Rodin, then in full effervescence with the creation of the Door of the Hell and the Bourgeois of Calais. The two artists influence mutually; the Girl with the bunch of wheat in 1887, announces Rodin's Galatée, and Three Faunesses is at the origin of the feminine figures of Camille Claudel's wave.

The peak of their love affair among this dynamic and talented woman and the most famous sculptor of France is situated in 1892, in this ruined castle of the XIII th century, boulevard of Italie, in Paris when one called up, " la folie Payen ", where they shared a studio. Camille's major work, this year there, was the pair of bare dancers whom Dayot wanted to see dressing in a drapery. She had agreed to dress them. In the salon of 1893, she exposed this work; The legs of the dancer were surrounded with a complex motive for draperies which did not remove the powerful erotic suggestion of the work. Moreover, Jules Renard, when he saw the pair of bare dancers said simply: " And this group of the Waltz where the couple seems to want to go to bed and to finish dance by sex. "

Ainda há pouco...

Vi a Morte bem de perto e propositadamente...

E ficava-me tão bem...

(Acredito que não fosse só a mim... and after all, no one would really care....)

segunda-feira, junho 07, 2004



Só me apetece mergulhar neste mar azul e nunca mais voltar.

Perder-me para sempre e esquecer-me em delírios azuis.

Amor, vamos à praia?

É aqui tão pertinho...!

E pelo caminho, entre o azul do céu e o azul do mar, trocamos doces beijos...

One down, three to go!

Soube hoje o resultado de um exame e, apesar de tudo estou aliviada.

O tempo é que passa a correr, ainda me parece ontem que comecei o segundo semestre, com a dificuldade a aumentar em todas as matérias e as horas de almoço hilariantes, em que toda a turma se juntava...

O Tarot às escondidas aqui na biblioteca e a suspeita de novos interesses amorosos...
Bons tempos!
Mas agora só falamos de exames, notas e estudo.
Nesta altura andamos todos na dimensão do stress.

Relaxo nos momentos com ele.
E entre um gelado e um beijo, o stress vai embora.

domingo, junho 06, 2004

Um desabafo...

Ainda bem que o Algarve é longe, longe...

Ainda mais o devia ser!

Devia despegar-se de Portugal e ficar à deriva como a Península Ibérica na Jangada de Pedra do Saramago.

Ah, era bom, muito bom...

Querida Vizinhança!

Parece que a vizinhança na blogoesfera está mais rica com os seguintes recantos das caríssimas amigas Carochita, Contagiada e a já experiente nestas andanças Some Like It Hot!

Agora é que vai ser!

sábado, junho 05, 2004

A calma depois da tormenta



Depois de uma semana agitada, há que apreciar a calma que advém da passagem da tormenta.

Finalmente passou o exame que mais temia, se fui bem sucedida ou não logo se verá...

Os próximos dias serão mais calmos porque a cadeira que segue é MUITO do meu agrado, Processo Penal é comigo!

Tempos doces vêm aí, pressinto... Como a brisa fresca que me chega à janela vinda do mar em frente...

quinta-feira, junho 03, 2004

O Amor em foto



Robert Doisneau, "Baiser de l'Hotel de Ville"

Esta foto é um clássico.

Na vida agitada de Paris, alguém pára e beija.

No meio dos carros e da gente que passa, há quem se ame.

E esquecendo o que rodeia, fecha-se os olhos e entrega-se ao beijo.

Hajam sempre momentos assim!

A fresh new look!

Mesmo que mais "dark", mas isto são Noites de Lua Cheia...

E, pela primeira vez, com comentários!

Obrigada a esta doce colega!