Observo calmamente a Lua que paira no céu da Noite.
Um vento frio passa pela minha janela.
Estendo os olhos pela escuridão que me rodeia e perco-me pelas estrelas tão acima de mim.
A Noite é um estado de espírito, sem ela estava incompleta...
Ao longe vejo o reflexo dos astros no mar... tão sossegado.
No meio desta imensidão, pergunto-me: que é feito de ti?
Onde estás neste momento?
Por onde deambuleia o teu pensamento?
Imagino... tento adivinhar...
Gostava que a Noite me trouxesse a resposta.
Que de lá onde tu estás, o vento carregasse o teu perfume,
as estrelas o brilho do teu olhar e que o mar se revoltasse e cantasse o teu riso.
Nada. A Noite desdenha a minha saudade.
Pergunto à Lua se sabe de ti, se guia os teus passos... que não te percas.
Ele há-de andar por aí...


Vou guiando o carro pelas ruas desertas da cidade.
A caminho de casa, a Noite e a Lua são a minha companhia.
É tarde, o cansaço invade-me o corpo e anseio por dormir.
O rádio toca baixo e vai mantendo-me acordado.
Do nada, aquela música... A música dela!
Encosto o carro numa rua estreita virada para o mar... Que recordações que esta música traz, e que do nada me transporta a tempos felizes.
A lua reflecte-se, vaidosa, na água. As estrelas invejam-lhe a beleza.
A Noite envolve-me como um manto aconchegante, encosto a cabeça p'ra trás e ao som daquela música, e das memórias, me abandono às imagens dela. Ela dança à minha frente, sobre o mar prateado e o brilho da Lua. Que linda que ela é...
Num assomo de realidade, pergunto-me: que é feito dela?
Onde andará ela? Será que a Noite testemunha os seus passos?
Ampara-lhe o sono?
No meu peito abre-se a dolência da saudade e invejo a Lua por lhe iluminar os sonhos.
Ela há-de andar por aí...