quinta-feira, janeiro 13, 2005

You can't rule my world

Ou sobre sentimentos não correspondidos...

Estava eu a ler um comentário neste blog, passando depois a ler este texto quando parei para passar no assunto. Tocou uma campainha cá dentro... Quem nunca passou por uma situação de sentimentos não correspondidos? Eu já passei... estou a passar...

Esta situação pode começar de vários modos: uma relação acaba mas um ainda gosta do outro, conhecemos alguém, temos um "flash" mas a outra pessoa nem sabe que nós existimos, ou sabe e manisfesta o seu desinteresse ou então há aquela famosa situação da "corda bamba"; traduzindo, parece que entre duas pessoas há qualquer coisa, os outros notam ninguém se assume e quando se assume é tarde demais.

É um tema complicado e sensível. Tudo o que mexa com o interior das pessoas torna-se automaticamente um assunto melindroso. Mas eu vou falar do meu ponto de vista... Não vou expor nenhum tratado sobre emoções humanas ou como não frustrar expectativas alheias.

Durante os meus 23 Outonos deparei-me com várias destas patologias, a típica "girl meets boy" e que depois não dá em nada... Algumas na minha adolescência superei com relativa facilidade mas nunca me esqueço da história de uma amiga minha, futura excelsea psicóloga, e que na altura era uma das minhas melhores amigas. Aquilo raiava a obsessão. Não me posso esquecer que tínhamos 15/16 anos, e ela era ultra-apaixonada por um amigo nosso. Bom ele deu-lhe sempre p'ra trás, e das piores maneiras possíveis. Quando íamos sair à noite, ela passava primeiro pela rua dele para ver se ele tinha luz no quarto ou se tinha ido sair. Assisti ao quanto sofreu com a indiferença e a frieza dele. E eu disse sempre que não queria nunca uma saga daquelas p'ra mim. A minha amiga, com quase 18 anos, curou-se da doença. Mas deixou-lhe marcas. Ainda hoje fala dele, das pouquíssimas vezes em que estamos juntas. E sei que, mesmo com 15/16 anos, ela o amava. Se calhar ele nunca vai encontrar alguém que o ame como ela, mas isso já não interessa.

Por ter assistido a esta e outras histórias, evitei sempre ao máximo entrar nestes autênticos buracos; quando via que não havia interesse, afastava-me e o assunto ficava por ali. Um dia, porém, a coisa foi mais forte. Ele também gostava de mim mas... mentalidades adolescentes... parece que eu não era bem aquilo que o/as amigo/as dele aprovavam... foi o primeiro trapézio sem rede da minha vida. Passou, como tudo. Sim, acreditem, por muito que doa, felizmente passa! O tempo é um excelente tónico. Dois anos mais tarde falámos. Disse que se tinha arrependido... Temos pena... O "timing" nas relações humanas é uma coisa que tem muuuita importância.

Mais recentemente entrei noutro limbo, ou melhor, comecei uma caminhada na beira de um abismo negro. Um abismo que ainda hoje não sei como me desenvencilhar, parece uma teia enorme que me envolve e engole em cada instante. Muito poucos saberão do que estou a falar. Percorri todas as fases de uma atracção não correspondida, onde achamos que um simples olhar quer dizer tudo, um sorriso significa um mundo e que um mero toque uma declaração privada. Foram tempos difíceis, obcecada em decifrar comportamentos que afinal não eram nada estranhos, atitudes que não traziam nada por trás. E aí sofri na pele o que era não ser correspondida. Achava que havia esperança, que ele era a minha luz no fundo do túnel.

Só que um dia acordei e vi que não fazia sentido. Se de facto existisse da parte dele "algo", ele não agiria como age. Havia atitudes contraditórias a mais! Por isso, tomei a decisão de me afastar e jurei que nunca mais o queria ver. Desejo sinceramente que seja muito feliz, tanto como eu espero vir a ser. Todavia, aqui o Destino tem-me pregado partidas, coloca essa pessoa à minha frente, numa última tentativa que sucumba a decifrar um sorriso ou um olhar. Mas não. Passou. He can't rule my world.

Sentimentos correspondidos são tramados e deixam uma pessoa numa angústia e impotência que podem destruir uma pessoa. Eu nunca cheguei a esse nível, mas houve momentos em que me senti frustrada demais. A quem passa/passou por isto, há esperança. Quando menos esperamos, há alguém disposto a fazer tudo p'ra nos por a sorrir.

Nunca me expus tanto como neste texto. Porém, não faz mal, foi uma excelente catarse.

You can't rule my world.


1 Comments:

Blogger António Resende said...

Parabéns pela catarse!...
Fica-te muito bem.

1:03 da manhã  

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