quarta-feira, dezembro 08, 2004

Fragilidade humana

É uma dor fina, estranha que me apareceu do nada, mesmo no meio do peito, rapidamente se atravessa até às costas; já incomoda, já não me deixa dormir sossegada, no entanto, não ligo, não quero ligar, é só um mau jeito! Vou sair, distrair-me, aniversário de um amigo, mas ela continua lá, já me prende a respiração, já me vai incomodando mais, não a quero sentir, não quero! Outra noite, cada vez pior, no dia a seguir já me prende os movimentos, já toda a gente nota que algo me faz doer, a dor já é grande, enorme, parece uma lança que me atravessa do peito às costas, dava tudo para não a sentir, que sofrimento! Outra noite, adormeço, mas todas as posições me afligem, acordo sem conseguir respirar e agora? As lágrimas rolam-me pela cara, a angústia de uma dor que não se sabe de quê mas que se sente a cada movimento do tórax... Outro dia, mais dor, menos movimentos, menos capacidade de respirar! As lágrimas surgem-me facilmente, qualquer movimento, qualquer inspiração de ar, qualquer riso e é como se a lança se espetasse mais por mim adentro. Choro com facilidade, detesto sentir-me frágil e vulnerável, e não gosto de o demonstrar. Novo dia, cada vez, mas cada vez pior. Entre lágrimas, decido. Tem de ser, tenho de ir ao hospital, nada mais me resta, a dor continua acutilante. Tão má como a dor só o terror que tenho a hospitais. No carro a caminho começam os suores, assim que lá entro começo a tremer, na sala de espera só me apetece chorar, começo a pensar naqueles que amo e que me querem ver boa, penso naqueles a quem ainda não tive a oportunidade de dizer que gosto muito, se calhar nunca terei, nunca mais verei os olhos e os sorrisos de todos aqueles que vivem em mim...! Chamam-me e quando entro na sala das urgências está um calor insuportável mas eu só tremo, falta-me a força nos joelhos e só me apetece sair dali. Cada vez me custa mais respirar... E se nunca te puder dizer que gosto de ti?!... Auscultada, mais análises, mais RX, tudo parece indicar que nada de grave se passa... Saio finalmente do hospital, que loucura, tenho pavor a hospitais, apesar de ainda me doer, o ar já entra mais facilmente no meu corpo, lágrimas de alívio correm pela minha cara... Ainda não é desta. Superei mais uma. Afinal ainda vou a tempo de dizer o que tenho entalado na garganta há mais de um ano: Gosto muito de ti!

(Já estou a recuperar!)

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Confesso que sou bastante frágil,quem diria...
Não percas tempo diz que gostas muito dessa pessoa,independentemente do que for...vais te sentir melhor contigo!
Bjos,
fica bem
ASS:Barmaid

4:51 da tarde  

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