sexta-feira, dezembro 10, 2004

Barco Negro

«De manhã, que medo
Que me achasses feia!
Acordei, tremendo,
Deitada na areia...
Mas logo os teus olhos
Disseram que não:
E o sol penetrou
No meu coração.

Vi depois numa rocha uma cruz,
E o teu barco negro
Dançava na luz...
Vi teu braço acenando,
Entre as velas já soltas...
Dizem as velhas da praia que não voltas.
São loucas!
São loucas!
Eu sei, meu amor:
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz que estás sempre comigo.

No vento que lança
Areia nos vidros;
Na água que canta;
No fogo mortiço;
No calor do leito;
Nos bancos vazios;
Dentro do meu peito
Estás sempre comigo.»


DAVID MOURÃO-FERREIRA


(Dentro do meu peito, estás sempre comigo!)

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E é aí que devemos guardar as pessoas que realmente importam!!!
Bjos,
fica bem
ASS:Barmaid

2:37 da tarde  
Blogger Contas e Cores said...

Lindoooooooooooooo

10:39 da manhã  
Blogger BSC said...

Exactamente!
Quantas vezes já sentimos que «Dentro do meu peito estás sempre comigo»?

12:42 da manhã  

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