sexta-feira, julho 02, 2004

DESESPERO



Não eram meus os olhos que te olharam

Nem este corpo exausto que despi

Nem os lábios sedentos que poisaram

No mais secreto do que existe em ti.



Não eram meus os dedos que tocaram

Tua falsa beleza, em que não vi

Mais que os vícios que um dia me geraram

E me perseguem desde que nasci.



Não fui eu que te quis. E não sou eu

Que hoje te aspiro e embalo e gemo e canto,

Possesso desta raiva que me deu



A grande solidão que de ti espero.

A voz com que te chamo é o desencanto

E o espermen que te dou, o desespero.




JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS