Talvez tenham sido as últimas palavras que ouvi... E para sempre fiquei encerrada neste corpo.
Não sinto muito mais além do que estes membros mortos me permitem; as paredes negras que me guardam deixam escorrer histórias de outras eras... De como eu fui. De como nunca mais voltarei a ser.
Fiquei fechada neste corpo morto por maldições antigas e invejas actuais. Não sei porquê, desconheço o que fiz, apenas as tuas últimas palavras soam como ruído branco nos meus ouvidos. Mortos. Como os olhos. Vislumbro apenas as paredes negras deste sepulcro, onde a eternidade me espera... Ah, mas a eternidade é longa e o tempo é um pêndulo enferrujado nas mãos de um ancião...
O tempo. A vida que foi minha e agora me foi roubada. As tuas palavras, ruído branco, nos meus ouvidos. Só me resta o curto espaço deste túmulo esquecido debaixo dos pés de toda a gente. O meu corpo morreu algures antes das tuas palavras finais, agora só me restam estes membros mortos, parcos de movimento e sem ter por onde fugir... Ah, mas o meu espírito é livre, sobressai acima de qualquer assombro ou feitiço e vejo-o flutuando acima do meu cadáver a decompor, muito acima da carne e dos ossos e dos olhos vazios. É livre, masmorra alguma o impedirá de flutuar até ti!
E flutuo muito acima daquilo que foi, do Mal em que me esconderam e do Mundo que fizeram esquecer de mim... E busco-te em cada rua, em cada esquina, procuro os sons e os cheiros que tragam as lembranças do teu riso. Mas tudo parece diferente, enquanto jazia debaixo do chão, esquecida de tudo e todos, tudo se alterou, a noite já não brilha como antigamente e o vento já não me traz a tua voz... Os espaços são outros, a Lua já não me indica o caminho e o rio perdeu o reflexo dos teus olhos...
Durante horas, dias, meses, anos, o meu espírito vagueou incerto e louco à tua procura.
Refiz todos os caminhos, rebusquei todos os nossos cantos, pedi ajuda ao vento que me dissesse onde tinha ouvido a tua voz pela última vez... Nada, o teu rasto desaparecera com as últimas palavras sussurradas ao meu ouvido, debaixo da terra.
E para lá voltei. Ao pé dos ossos do que fora antes, na masmorra debaixo do Mundo, esquecida por todos... As paredes negras continuavam a repetir as histórias de tempos felizes e ecoam ainda os risos de outrora. Acima de uns ossos tristes, enredado nas lembranças do que fora, páira um espírito contando os compassos da eternidade, esperando uma nova oportunidade.
Não sinto muito mais além do que estes membros mortos me permitem; as paredes negras que me guardam deixam escorrer histórias de outras eras... De como eu fui. De como nunca mais voltarei a ser.
Fiquei fechada neste corpo morto por maldições antigas e invejas actuais. Não sei porquê, desconheço o que fiz, apenas as tuas últimas palavras soam como ruído branco nos meus ouvidos. Mortos. Como os olhos. Vislumbro apenas as paredes negras deste sepulcro, onde a eternidade me espera... Ah, mas a eternidade é longa e o tempo é um pêndulo enferrujado nas mãos de um ancião...
O tempo. A vida que foi minha e agora me foi roubada. As tuas palavras, ruído branco, nos meus ouvidos. Só me resta o curto espaço deste túmulo esquecido debaixo dos pés de toda a gente. O meu corpo morreu algures antes das tuas palavras finais, agora só me restam estes membros mortos, parcos de movimento e sem ter por onde fugir... Ah, mas o meu espírito é livre, sobressai acima de qualquer assombro ou feitiço e vejo-o flutuando acima do meu cadáver a decompor, muito acima da carne e dos ossos e dos olhos vazios. É livre, masmorra alguma o impedirá de flutuar até ti!
E flutuo muito acima daquilo que foi, do Mal em que me esconderam e do Mundo que fizeram esquecer de mim... E busco-te em cada rua, em cada esquina, procuro os sons e os cheiros que tragam as lembranças do teu riso. Mas tudo parece diferente, enquanto jazia debaixo do chão, esquecida de tudo e todos, tudo se alterou, a noite já não brilha como antigamente e o vento já não me traz a tua voz... Os espaços são outros, a Lua já não me indica o caminho e o rio perdeu o reflexo dos teus olhos...
Durante horas, dias, meses, anos, o meu espírito vagueou incerto e louco à tua procura.
Refiz todos os caminhos, rebusquei todos os nossos cantos, pedi ajuda ao vento que me dissesse onde tinha ouvido a tua voz pela última vez... Nada, o teu rasto desaparecera com as últimas palavras sussurradas ao meu ouvido, debaixo da terra.
E para lá voltei. Ao pé dos ossos do que fora antes, na masmorra debaixo do Mundo, esquecida por todos... As paredes negras continuavam a repetir as histórias de tempos felizes e ecoam ainda os risos de outrora. Acima de uns ossos tristes, enredado nas lembranças do que fora, páira um espírito contando os compassos da eternidade, esperando uma nova oportunidade.
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